(Ou nossa falta de empatia e solidariedade)
Primeiro foram cem mortes
Mas eu não me importei com elas
Era só uma gripezinha
Em seguida chegamos a cem óbitos
Mas para a economia continuar a girar
Podem morrer algumas pessoas
Depois atingimos mil mortes
Mas eu não sou coveiro
E temos cloroquina
E enfim 100 mil vidas extintas
Ao mesmo tempo em que desprezamos
As vacinas que nos eram oferecidas
Agora estou sem ar
E a dor à minha volta é tanta
Pelas 600 mil almas perecidas
Que ninguém se importa comigo.
Dia 8 de outubro de 2021. Perdemos 600 mil entes queridos, e pelo que tudo indica, esse número poderia ser bem menor. Ah, se tivéssemos prestado atenção às palavras de Brecht…
É PRECISO AGIR
Bertold Brecht (1898-1956)
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo
Tavares
13/10/2021 at 06:35
Queria poder dizer que gostei do texto, mas não há como gostar de uma coisa dessas. Posso dizer, no máximo, que é um bom texto sobre um tema demasiado triste. Quando penso em outros países, como a Coreia do Sul, que não chegou a três mil óbitos, me bate um misto de revolta e tristeza por tanto sofrimento desnecessário. Mas a boa notícia é que, desde o início da pandemia, o Brasil fez mais 40 bilionários…